"De maneira mais genérica, uma criatura onisciente nunca perderia seu tempo vendo um filme, uma vez que já conhece o final. Não existe cinema para Deus. E, por conseguinte, ele, que não obstante sabe tudo, não sabe o que está perdendo..."

Ollivier Pourriol, no livro Cine Filô.

Comentários da Cristina Faraon

Blá...blá... blá...

O Concurso

sexta-feira, 6 de setembro de 2013


Taí um filme que vale a pena meeeesmo.  A história é ótima, bem movimentada e super divertida. E o elenco é excelente.

Geralmente, mesmo nos melhores filmes, a gente tem que engolir pelo menos um mala, que é fraco como ator, ou um personagem que não tem graça nenhuma ou é forçado demais. Aqui não. Todos foram dez, não dá pra colocar defeito.

Impossível não se reconhecer em diversas situações. Ainda que você jamais tenha prestado concurso público, com certeza tem um amigo, filho, uma namorada, prima, vizinho, que fez e dá pra ver que a coisa é mais ou menos daquele jeito mesmo.

Uma menção pra lá de honrosa para Pedro Paulo Rangel na pele do puxassaquíssimo oficial de justiça. Ele não aparece muitas vezes mas quando dá as caras, é demais. Grande ator.

Outra menção especial para o simpaticíssimo personagem baiano - ator Anderson di Rizzi - que eu nunca tinha visto na vida mas se mostrou ótimo.

Detalhe: a VEJA detonou o filme. Tremenda injustiça! Sinceramente não entendi.  Ignore a VEJA e veja.


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Minha mãe é uma peça

quinta-feira, 22 de agosto de 2013


Não vou dizer que é decepcionante porque na verdade eu não fui ao cinema esperando grande coisa do filme.

Os atores são bons, trabalham bem, mas a história não ajuda. É manjada, comum, não tem graça nenhuma. Todo mundo já sabe no que vai dar e qual vai ser a moral da história. O filme O concurso dá de mil a zero nesse.

O ator Paulo Gustavo trabalha super bem no papel de mãe; parece humano realmente, sem aquela coisa caricata de travesti. Em alguns momentos ele chega a ser tocante. O que estraga é a voz: forte e estridente demais. Como o personagem grita quase que o tempo todo, não há tímpano que aguente. Irrita. Aliás o filme é barulhento demais para o meu gosto. Eles exageram nas constantes briguinhas de família, então chega uma hora que enche o saco aquela gritaria sem fim. 

Vá ver outro filme.

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O primeiro ano do resto de nossas vidas

sábado, 13 de julho de 2013



"Revi dias atrás, em Blu-ray, O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (1985). Para a geração que tinha 20 e poucos anos na década de 80 (o meu caso), este filme foi um marco...(Leia o resto)" 

É um cult da década de 80 (1985) que jamais me esqueci. Sim, só agora, olhando na internet, é que descobri que se tornou cult.   Detalhe: com certeza a série Friends foi totalmente inspirada nele.

No início parece se desenhar como um daqueles filminhos românticos tipo "Seção da Tarde", para adolescentes. Mas não: é um filme sobre entrar na vida adulta, sobre nossos primeiros sofrimentos e decisões e sobre aquelas pessoas que passam pela nossa existência e deixam um rastro profundo e sagrado, marcam para sempre e jamais são esquecidas. Essas pessoas, mesmo sem querer, mudam nosso rumo para o futuro mas jamais farão parte dele.

Como eu disse, até a metade parece coisa de adolescente e é aí que a maioria dos adultos resolve desligar o DVD e partir para outra.  Do meio para o fim, entretanto, é que a gente vê os destinos de cada um desabrochando. Percebemos como a vida exige de nós uma resposta, exige que tomemos posição e que cresçamos. Há um momento em que fica impossível adiar ou fugir das mudanças. Isso é angustiante sim, mas a absorção desse fato é a essência do que chamamos de "maturidade".

Essa história nos fala dessa dor de nos despedirmos de um tipo de vida que não nos cabe mais,  mas queríamos tanto perpetuar! É quando descobrimos como é tolo acreditarmos em destinos traçados e casais perfeitos. NADA é obvio, por isso insistimos em viver: porque a vida é instigante. Não conseguimos enxergar nada de longe, não sabemos quem vai se dar bem nem quem vai se dar mal  ou quem é o amigo "safo"  que vai se dar bem ou o tolo,  que jogará tudo fora. Uma carinha bonita ou um pai rico não salvam ninguém, e o amor mais sólido e duradouro talvez não seja aquele que vai com a gente para a cama.

O mais tocante pra mim foram os momentos de descoberta de cada personagem. Por exemplo:

- O momento em que aquela linda médica, que se sentia tão adulta e invulnerável, se assusta consigo mesma ao descobrir que é apenas uma mulher e não está assim tão protegida contra as deliciosas tolices de um amor juvenil, irresponsável e arrebatador. Ela descobriu uma coisa nova: o poder renovador de uma paixão.  E o momento em que o rapaz, terrivelmente apaixonado por ela, finalmente lhe dá um beijo, se liberta daquela febre e se percebe um homem livre, auto confiante e apto para encarar a vida.

- Quando a moça feia tem seu momento inesquecível com o amor da sua vida: o rapaz mais lindo e irresistível que conheceu. O que tinha tudo para ser só mais uma travessura do gostosão acabou se tornando a cena mais terna do filme.  Vimos ali uma amizade, um amor autêntico, sincero e cheio de respeito, como ele jamais experimentara até então. Achei lindo ver um playboy "rodado" descobrir que o sexo era muito mais do que ele já havia experimentado. Aquela era, na verdade, a primeira mulher e o primeiro sexo adulto da sua vida. Ambos cresceram, se transformaram. Ele conseguiu se libertar da ditadura da beleza e enxergar pela primeira vez a alma de uma pessoa. Ele entendeu, enfim, que existem coisas sagradas nessa vida, pessoas especiais. E ela, por sua vez, entendeu que não precisava ter aquele homem para si, embora até quisesse. A vida as vezes não nos dá a riqueza que queremos, mas nos dá uma pequena pérola de grande valor que guardaremos para sempre. Já vale demais.  Sua primeira vez foi a melhor primeira vez que uma mulher pode ter. De tudo, restou o profundo respeito mútuo,  a ternura verdadeira e um momento que valia guardar no coração.  Ela pôde então se libertar da angustia daquele amor e seguir em frente, adulta, livre, em paz e  plena,  levando consigo uma relíquia e uma saudade.

Todos temos nossas dores eternas. Ser adulto é saber conviver com isso sem culpar a ninguém.



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Somos tão jovens

quinta-feira, 9 de maio de 2013




Thiago Mendonça está a cara do Renato Russo e fez o dever de casa direitinho: aprendeu os trejeitos, o jeitão esquisito de dançar do Renato, impostação de voz e mandou ver.

Somos Tão Jovens é um filme que todo fã do Legião queria e merecia ver. Só que fizeram uma tremenda malvadeza com o público: um filme tão esperado sobre um ídolo tão amado não podia terminar assim, pela metade. É sacanagem!

O problema é só esse. Se você queria conhecer a vida de Renato Russo, como tudo começou, sua trajetória e como tudo acabou, vai ficar um bocado frustrado porque o filme acaba no primeiro show onde eles começaram a se tornar famosos. Jogaram a vida adulta do cantor no ralo.

Tudo bem, se havia informação demais e o pessoal ficou com medo de parir um longa metragem, deveriam saber que é melhor um longa do que uma história pela metade.  Parece-me inadmissível falar sobre o Renato Russo e não dizer nada sobre seu filho e sua doença. E se era sobre o Legião, fica inadmissível mostrar tão pouco (quase nada!) a respeito dos outros integrantes.

O cinema nacional só pagou a primeira parcela da dívida que tem com os fás do Legião.

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O Acordo

quarta-feira, 1 de maio de 2013


Filme de ação. Só de dizer isso você já sabe a metade do que vai acontecer.

Resumo da ópera: um adolescente mané pra caramba se mete com o amigo errado e é preso por tráfico de drogas. Como não conhece nenhum bandidão para entregar à Justiça e negociar sua diminuição de pena, seu pai resolve se meter na história e arranjar um jeito de conseguir um bandido-moeda para negociar com a Justiça a libertação de seu filho. Blá blá blá.

Nada muito original ou convincente. Dá pra matar o tempo mas nem sonhar em ver de novo ou recomendar a um amigo exigente.

O bonitão bombado Dwayne Johnson deve ter estudado arte dramática na mesma escola do Stallone e Schwarzenegger: interpreta mal pra caramba - mas vale pelo colírio.


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Amor

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013



Podemos dizer que este filme é a tradução tanto do nosso pior pesadelo quanto do nosso maior sonho.

Com seus closes numerosos e desconcertantes, a velhice e a decrepitude humana são esfregadas na nossa cara.  Ainda assim é uma bela história de amor. Não o amor romântico, mas o amor pé no chão, o amor vida real, que leva duas pessoas a envelhecerem juntas e seguirem em frente sem desgrudarem uma da outra. E não é esse é o nosso maior sonho?

Sim, é um filme francês. Sim, é lento, lento lento. Sim, termina sem mais nem menos com as letrinhas passando na tela. Mas ainda assim é belo e vale a pena. A menos que sua mente já esteja irremediavelmente avariada pela barulheira espalhafatosa de Hollywood.

A história se passa quase que exclusivamente dentro da residência dos personagens e 90% do que vemos o tempo todo são os dois idosos. Não espere Oscar de melhor fotografia porque não vai ter. Mas os dois protagonistas merecem Oscar. Simplesmente arrasaram.

Jean-Louis Trintignant é maravilhoso. Conforme a história avança é possível ver todo o seu cansaço e o quanto aquela situação está corroendo o que lhe sobrou de vigor; é possível perceber seu desgaste progressivo e implacável. A gente intui que ele não vai aguentar por muito tempo, a gente consegue perceber o tamanho do peso que ele carrega, o seu sufoco e o seu amor.

Emmanuelle Riva também é incrível. Ela consegue alternar decrepitude e força, distância e intensidade, consegue ser velha mas também muito mulher, tudo isso na hora certa. Consegue até com uma risada, um olhar, ressuscitar a esposa apaixonada e sensual que vivia adormecida. Um lampejo, um brilho nos olhos que valeu o filme todo.

Curiosidade: "A cena em que Jean-Louis Trintignant contracena com um pombo foi repetida 12 vezes."  Logo vi. Fiquei impressionada imaginando como eles conseguiram convencer o pombo a atuar.

Valeu.


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Lincoln

domingo, 27 de janeiro de 2013


Não é um bom sinal quando fico com preguiça de escrever sobre um filme que acabei de ver. Quando gosto sinto um comichão incrível para escrever logo, com urgência, enquanto as emoções flamejam. Só me vejo sentando em casa e mandando ver no computador. Dessa vez não aconteceu. Sim, estou me esforçando muito para escrever esse texto.

Diálogos e mais diálogos e mais diálogos.  É necessário ficar bem ligado para sacar as tramas e planos políticos no meio de tanto palavrório. E o palavrório faz parte de um velho truque: como o filme não é de ação, então eles o enchem de diálogos e numerosas mudanças de ângulos e cenas. Funciona mais ou menos; dá uma certa ilusão de movimento mas cansa a beleza.

Confesso que naquele falatório cheio de mudanças de  ângulos eu perdi alguma coisa, mas deu pra entender e curtir o todo. O chato é que fiquei esperando algum discurso definitivo e inesquecível, desses que a gente fica arrepiada e tal, mas nada. Nada que sequer chegasse aos pés daquele famoso discurso do filme Henrique V.

Curiosidade: se você buscar no Google as fotos verdadeiras dos personagens do filme, verá que os artistas são mesmo super parecidos. Capricharam nesse quesito e em tudo o mais mas... mesmo assim não deu para empolgar. Como li no site Último Segundo, "filme opaco com atuação brilhante de Day-Lewis." É isso.

No final o que ficou é que Lincoln foi um bom homem e que apostou todas as fichas no que acreditava e queria.

A discussão sobre ética e "o fim justifica os meios?" foi cabalmente desperdiçada. Na minha opinião o filme deveria ter se amparado nisso.

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