"De maneira mais genérica, uma criatura onisciente nunca perderia seu tempo vendo um filme, uma vez que já conhece o final. Não existe cinema para Deus. E, por conseguinte, ele, que não obstante sabe tudo, não sabe o que está perdendo..."

Ollivier Pourriol, no livro Cine Filô.

Comentários da Cristina Faraon

Blá...blá... blá...

Batman - O cavaleiro das trevas ressurge

domingo, 26 de agosto de 2012

Estou com preguiça de fazer sinopse, então vamos lá ao que interessa: o filme é pesado, cansativo, cheio de furos. A coisa só melhora depois da metade. No final o filme se salva e a gente acaba se empolgando e perdoando tudo o mais.

O que salva o filme são as discussões, os questionamentos que ele levanta. Onde está a verdade? Você tem certeza que sabe quem é o vilão e quem é o mocinho?  Existe poder legítimo? Por quê? Não existe? Por quê? Quem manipula as suas opiniões? Existe mesmo a possibilidade de existir um governo legítimo no qual ninguém seja explorado ou manipulado ou você admite que isso é impossível?  É necessário ser louco para ter coragem de fazer o que precisa? Se a resposta for sim, deveríamos admitir que o que chamamos de "normalidade" na verdade pode ser uma doença?

Definitivamente não é uma história para ser entendido pelas crianças. Claro que elas assistem e gostam, mas pelos motivos "errados". Elas passam batido pela essência da história, que é um drama que puxa discussões filosóficas. Mas nisso eles realmente acertaram: a história pode ser desfrutada "em camadas": ou pela simples aventura, que é um tanto infantil, ou pelo drama, que é adulto e um tanto pesado.

A "trilha sonora" não é trilha sonora, mas sons e "tum-tum-tuns" feitos sob medida para deixar a coisa tensa. Sempre funciona mas na minha opinião exageraram na dose, mas tudo bem.

Esquecendo os furos posso dizer que adorei ver nascer o Robin. Muito convincente, tudo a ver. A Mulher-Gato ( Anne Hathaway) é uma gata, linda mesmo. Consegue ser magrinha sem ser ossuda, sem forma e sem bunda, como a Angelina Jolie. É perfeita. E é adorável vê-la com o Batman (Christian Bale). Formam um lindo casal - embora na vida real eu tenha as minhas dúvidas de que gato e morcego possam se dar bem.

Os furos são vários: o vilão Bane não é um X-Man nem nada, então que merda de quase imortalidade é aquela? Só falta passar um rolo compressor em cima do cara e nada de ele se arranhar! Batman briga com ele todo cheio de armadura mas só leva o farelo. Nada, absolutamente nada atinge Bane.

Dei azar de pegar uma cópia dublada. Gente, que dublagem miserável! O vilão tinha uma modo de falar tão ridículo e caricato que estava mais para comédia. Isso me irritou.

Fora esse detalhe, odiei ver o Batman ser preso, apanhar, penar. O charme dele sempre foi o mistério e essa coisa de sumir antes de ser detido. Agora não: ele aparece apanhando, com a saúde detonada, de bengala... um imprestável. Ou seja: tiraram uns 40% do charme do personagem. E ainda lhe tiraram o dinheiro, que sempre é um charme à parte.

Mesmo doente de dar dó ele briga, pula, faz e acontece. Não respeitaram muito a lógica das coisas. Sei que esses filmes são, no todo, mentira mesmo, mas mesmo as mentiras tem que ser um pouquinho mais coerentes com a realidade. Tipo: em uma ocasião Batman quebra a coluna com direito a fratura exposta e tudo (!!!). Um companheiro de cela coloca sua coluna no lugar com um murro (!!!). Na vida real ele pelo menos desmaiaria e depois se tornaria paraplégico, no mínimo. Mas aqui, depois de três meses ele só falta dar nó em trilho de trem.

E a cena em que condenados são obrigados a andar no rio congelado? Como a camada de gelo é fina, muitos morrem afogados porque o gelo quebra. Pouco depois aparecem outros condenados no mesmo lugar, com o gelo inteirinho da silva, sem um trincado. E em poucas cenas depois o rio não está mais congelado, mas líquido e lindo.  Peraí!

E a neura de querer destruir a cidade? Tudo bem, eu mesma já senti vontade semelhante várias vezes mas no filme os motivos dos vilões são tão rocambolescos que até agora eu não entendi nada. Toda vez que eles tentam explicar qualquer coisa na história, a coisa fica preta. É um angú que, no final das contas, a gente acaba cansando e dizendo: deixa pra lá, vamos nos fixar nos efeitos especiais e na beleza dos personagens principais.

Pois é, mas todo mundo diz que gostou. Eu não me arrependi de ter visto. Com certeza vem por aí uma continuação que eu vou acabar assistindo também.


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