"De maneira mais genérica, uma criatura onisciente nunca perderia seu tempo vendo um filme, uma vez que já conhece o final. Não existe cinema para Deus. E, por conseguinte, ele, que não obstante sabe tudo, não sabe o que está perdendo..."

Ollivier Pourriol, no livro Cine Filô.

Comentários da Cristina Faraon

Blá...blá... blá...

Amor

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013



Podemos dizer que este filme é a tradução tanto do nosso pior pesadelo quanto do nosso maior sonho.

Com seus closes numerosos e desconcertantes, a velhice e a decrepitude humana são esfregadas na nossa cara.  Ainda assim é uma bela história de amor. Não o amor romântico, mas o amor pé no chão, o amor vida real, que leva duas pessoas a envelhecerem juntas e seguirem em frente sem desgrudarem uma da outra. E não é esse é o nosso maior sonho?

Sim, é um filme francês. Sim, é lento, lento lento. Sim, termina sem mais nem menos com as letrinhas passando na tela. Mas ainda assim é belo e vale a pena. A menos que sua mente já esteja irremediavelmente avariada pela barulheira espalhafatosa de Hollywood.

A história se passa quase que exclusivamente dentro da residência dos personagens e 90% do que vemos o tempo todo são os dois idosos. Não espere Oscar de melhor fotografia porque não vai ter. Mas os dois protagonistas merecem Oscar. Simplesmente arrasaram.

Jean-Louis Trintignant é maravilhoso. Conforme a história avança é possível ver todo o seu cansaço e o quanto aquela situação está corroendo o que lhe sobrou de vigor; é possível perceber seu desgaste progressivo e implacável. A gente intui que ele não vai aguentar por muito tempo, a gente consegue perceber o tamanho do peso que ele carrega, o seu sufoco e o seu amor.

Emmanuelle Riva também é incrível. Ela consegue alternar decrepitude e força, distância e intensidade, consegue ser velha mas também muito mulher, tudo isso na hora certa. Consegue até com uma risada, um olhar, ressuscitar a esposa apaixonada e sensual que vivia adormecida. Um lampejo, um brilho nos olhos que valeu o filme todo.

Curiosidade: "A cena em que Jean-Louis Trintignant contracena com um pombo foi repetida 12 vezes."  Logo vi. Fiquei impressionada imaginando como eles conseguiram convencer o pombo a atuar.

Valeu.


Read more...

Lincoln

domingo, 27 de janeiro de 2013


Não é um bom sinal quando fico com preguiça de escrever sobre um filme que acabei de ver. Quando gosto sinto um comichão incrível para escrever logo, com urgência, enquanto as emoções flamejam. Só me vejo sentando em casa e mandando ver no computador. Dessa vez não aconteceu. Sim, estou me esforçando muito para escrever esse texto.

Diálogos e mais diálogos e mais diálogos.  É necessário ficar bem ligado para sacar as tramas e planos políticos no meio de tanto palavrório. E o palavrório faz parte de um velho truque: como o filme não é de ação, então eles o enchem de diálogos e numerosas mudanças de ângulos e cenas. Funciona mais ou menos; dá uma certa ilusão de movimento mas cansa a beleza.

Confesso que naquele falatório cheio de mudanças de  ângulos eu perdi alguma coisa, mas deu pra entender e curtir o todo. O chato é que fiquei esperando algum discurso definitivo e inesquecível, desses que a gente fica arrepiada e tal, mas nada. Nada que sequer chegasse aos pés daquele famoso discurso do filme Henrique V.

Curiosidade: se você buscar no Google as fotos verdadeiras dos personagens do filme, verá que os artistas são mesmo super parecidos. Capricharam nesse quesito e em tudo o mais mas... mesmo assim não deu para empolgar. Como li no site Último Segundo, "filme opaco com atuação brilhante de Day-Lewis." É isso.

No final o que ficou é que Lincoln foi um bom homem e que apostou todas as fichas no que acreditava e queria.

A discussão sobre ética e "o fim justifica os meios?" foi cabalmente desperdiçada. Na minha opinião o filme deveria ter se amparado nisso.

Read more...

  © Free Blogger Templates Columnus by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP