"De maneira mais genérica, uma criatura onisciente nunca perderia seu tempo vendo um filme, uma vez que já conhece o final. Não existe cinema para Deus. E, por conseguinte, ele, que não obstante sabe tudo, não sabe o que está perdendo..."

Ollivier Pourriol, no livro Cine Filô.

Comentários da Cristina Faraon

Blá...blá... blá...

Biltiful

sábado, 22 de janeiro de 2011


Um filme bom e bonito com um ator bonito e bom. Mas como nem sempre as coisas são perfeitas, vou logo avisando: o filme é triste, triste, triiiiiiiste como ele só. E você verá muita cena de pobreza, lugares feios, cozinhas sujas, banheiros idem, kitinetes mal encaradas e tudo o mais.  Se você anda bem consigo e com a vida e não acalenta idéias de suicídio, então você está apto a encarar.

Não cheguei a chorar, mas deu aquele nó na garganta.

Vença as primeiras cenas. Vou te adiantar uma coisa: não é um filme sobre viadagem. Aviso isso porque há quem não goste de assistir filmes com histórias voltadas "para trás".

A história é sobre uma família, mais exatamente um pai, que ama demais os filhos mas é pobre pra caramba. A mãe deles não é má pessoa, mas é uma prostituta bipolar com a qual vocês não deixariam seus filhos nem por um dia.  Pra piorar as coisas ele descobre que tem uma doença gravíssima. O tempo todo a gente pensa: "Meu Deus, não tem solução pra isso não. Se eu fosse ele eu me matava. Que bosta de vida! E tem um monte de gente que vive assim. E essas crianças, como ficam?"

Calma. No final das contas há uma moral da história. Há uma mensagem doce e calmante nas entrelinhas e essa mensagem é boa. Uma dessas mensagens é explícita e foi proferida pela boca de uma amiga do personagem. Ela disse: "Você pensa que você cuida dos seus filhos? Que engano! O universo é que cuida deles."  Achei linda essa coisa de que mesmo que tudo pareça perdido, quando a gente planta amor  as coisas se ajeitam e tudo vai para o seu lugar. Você pode não acreditar nisso, mas é uma mensagem e serve pra muita gente.

Outro assunto do filme é a morte, que aqui não é tratada como coisa de assombração ou Sexta Feira 13. O filme diz, em outras palavras: pare de frescura e encare as coisas como elas são.

A morte ronda toda a nossa vida. Isso é muito natural. Ela está em cada esquina, em cada pensamento e em cada plano que fazemos. Ela é um personagem que entra no metrô, que faz compras, que passeia na praça, que toma um chope. Ela está lá, totalmente enturmada com nosso mundo e nosso povo. A morte, nesse filme, não passa de um acontecimento triste e inevitável e pare de ficar fingindo que ela não existe. Melhor encará-la sem chilique e com sabedoria porque dela ninguém escapa.

Gostei de como as coisas foram sendo mostradas.

Bem, não sei se expliquei direito mas o resumo é: gostei do filme. Assista.

6 comentários:

Anônimo 5 de fevereiro de 2011 às 16:59  

É, mas o próprio personagem principal diz : " mas o Universo não paga o aluguel..."

Cristina Faraon 29 de abril de 2011 às 12:23  

É verdade... Mas dependendo da situação é melhor ficar só com a primeira parte do diálogo. rsrs

Anônimo 8 de julho de 2011 às 07:57  

Putz, parei de ler no terceiro parágrafo. Que coisa mais tacanha de se dizer: "vença as primeiras cenas. Não é um filme sobre viadagem". Chocante o tom homofóbico de sua escrita. E eu, que entrei para ver o nome completo do Iñarratu, saio com um sentimento de tristeza maior do que quando acabou o filme. Senti vergonha. Tô colocando como Anônimo, pois sou meio lesa com estes trens de escolher identidade. Eu tenho a minha própria.

Cristina Faraon 9 de janeiro de 2012 às 12:11  
Este comentário foi removido pelo autor.
Cristina Faraon 9 de janeiro de 2012 às 12:16  

Só agora estou lendo esse comentário... Bem, escrevi que "não é um fime sobre viadagem" por causa das primeiras cenas. Elas dão a impressão de que a história seria sobre homossexualismo. E eu preveni que não se trata disso, apesar das primeiras cenas. Se começasse com um casal se abraçando e chorando,eu poderia dizer algo parecido: "olha gente, apesar das primeiras cenas o filme não se trata de drama mexicano. Estou avisando porque tem gente que não gosta de drama." E o mesmo poderia ser dito sobre violência, sobre religião, sobre política, sobre filosofia. Tem gente que não gosta desses assuntos, e daí? Se o filme inicia com uma cena que nos induz a pensar que ele vai tratar de um assunto que não trata, que mal há em prevenir o expectador?

Agora pergunto: qual o problema com a palavra "viadagem"? Ser viado é uma coisa feia? é horrível? Desculpa aí! Usei a palavra porque tenho aprendido através de TODOS os meios de comunicação que homossexualismo não é defeito. Mas se pra vocÊ é, desculpa.

Anônimo 4 de janeiro de 2013 às 11:12  

Acabei de assistir ao filme: belíssimo. Se algum tolo não gostou do termo "viadagem" no comentário, que vá se catar. Se há algo detestável no atual momento é essa ditadura do politicamente correto que, procurando achar pelo em ovo e colocar todo o mundo numa espécie de camisa de força ideológica. Sim, a comentarista foi bastante clara em sua colocação. Em outras palavras, disse: "se você acha que é um filme gay e não gosta de temas que abordam esse tipo de vida, não se preocupe: continue assistindo, pois não é".

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