"De maneira mais genérica, uma criatura onisciente nunca perderia seu tempo vendo um filme, uma vez que já conhece o final. Não existe cinema para Deus. E, por conseguinte, ele, que não obstante sabe tudo, não sabe o que está perdendo..."

Ollivier Pourriol, no livro Cine Filô.

Comentários da Cristina Faraon

Blá...blá... blá...

DIVÃ

quarta-feira, 22 de abril de 2009

A-do-rei.

Li rapidinho uma sinopse que dizia mais ou menos assim: "mulher casada, madura, resolve fazer terapia sem bem saber o por quê. Aos poucos isso muda completamente a sua vida..." Não gostei desta sinopse. Preferi essa aqui, do site Adoro Cinema:

Na minha opinião a vida da personagem muda enquanto ela está fazendo a terapia e foi esse o seu grande lance de sorte, porque foi o que a ajudou a entender o que estava acontecendo. Nem todos somos tão afortunados.

É um filme divertidíssimo. Pra mim, comovente também. Você vai rir das situações e dos diálogos.
Pra falar a verdade eu nem gostava muito da Lília Cabral - achava sua voz chata. Além do que, todos os seus personagens em novelas eram caricatos, parecidos uns com os outros, uma pobreza só . Cheguei à conclusão de que novela é uma perdição na vida de um artista. Ela é e está maravilhosa, é ótima atriz e agora sou sua fã de carteirinha. Abaixo a Globo!

Amei a história que explica de maneira tão cativante que um casamento pode acabar sem baixaria, sem panelada na cabeça, sem ódio. Pode estar "tudo bem" como amigos mas o casamento em si ter acabado, ruído, desmoronado fragorosamente. Que "aquele casal que nós fomos" as vezes fica irremediavelmente perdido no passado e é necessário ter coragem para admitir isso.

Não vou dizer mais nada: assista. Você vai gostar. Além do mais o Gianechinni está lá, lindíssimo e com menos carinha de modelo. Tá melhorando. Alíás tá todo mundo bem na foto - quer dizer, na fita.

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Presságio



Não dá pra falar muita coisa sobre esse filme. É uma peliculazinha a mais falando sobre o fim do mundo. É para aquelas tardes modorrentas que você não sabe qual filme pegar e "se não tem tu, vai tu mesmo.

Dá pra assistir sem se sentir lesado. Lá pela terceira parte a história se torna mais interessante principalmente para aquelas pessoas que realmente acreditam na Bíblia e em suas lindas promessas de resgate para o final dos tempos. Ou seja: os que crêem, os eleitos, vão aproveitar mais. Ou "os que ouviram o chamado", conforme a história. Só para essas pessoas o filme consegue ser comovente porque ele evoca figuras com poder emotivo muito forte nas mentes cristãs.
Bem, eu gostei do filme. É que eu sou crente, né. Amei as cenas finais.


Agora se você não crê em nada disso e seu lance é outro... recomendo! (Vai que você se converte! hehehe)


Detalhe: a história não fala nada de Bíblia, de anjo, de apocalipse de "arrebatamento da igreja" de Céu, Inferno nem coisa nenhuma, só que os paralelos são obvios. Não é necessário nenhum tipo de forçação de barra para enxergar. Pelo menos pra mim (vixi! sou uma eleita!)


O Nicolas Cage... Bem, o Nicolas Cage não mudou nadica de nada. Sempre com a mesma expressão no rosto: aquela cara de quem não entendeu nada, testa franzida e susto-amargurado. A gente acaba perdoando porque eles sempre focam nos seus lindos olhões brilhantes. Ele faz sempre o mesmo papel. Se for reparar direito é capaz de as falas serem também as mesmas em todos os filmes. Vou ali dar uma conferida e já volto.

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O leitor

domingo, 5 de abril de 2009


Lindo. Mesmo.

Lindo como romance, interessantíssimo como discussão da moralidade, bondade, bem, mal, justiça e capacidade de julgamento.

Não tenho muita paciência para fazer sinopses. Lá vai uma, colada do site Adoro Cinema:

"Um adolescente se apaixona por uma mulher mais velha e vive intenso romance. De uma hora para outra, ela some de sua vida. Cerca de oito anos depois, ele reencontra essa parte de seu passado ao participar de um polêmico julgamento de crimes cometidos pelos nazistas na segunda grande guerra. Dirigido por Stephen Daldry (As Horas) e com Ralph Fiennes, Kate Winslet e Bruno Ganz no elenco. Vencedor do Oscar de Melhor Atriz. "

Pois é, um rapazinho e uma mulher mais velha se conhecem e tornam-se amantes. Até aí somos brindados com momentos de pura poesia. Gosto de beleza pura e chorei quando o casal conseguiu dar uma fugida de bicicleta por um lugarejo próximo e ambos se flagraram em absoluta e perfeita felicidade.

A felicidade completa é pesada e dói. Faz chorar (a mim) como naquele momento no qual Hanna entra em uma pequena igreja e ouve um coral de crianças. Era tão obvio que ela jamais estivera feliz daquele jeito que a cena comove sobremaneira. Ela chora, oprimida por tanta beleza, por não saber o que dizer naquele momento perfeito e certamente breve. Eu chorei com ela. O filme é lindíssimo sob todos os ângulos e tem a vocação de ser inesquecível.

A história não pára no romance mas segue e entra na inquietante discussão moral. Quem é Hanna? Quem são os nazistas? Quem somos nós, realmente? Somos mesmo tão bonzinhos quanto pensamos que somos? Somente as pessoas cruéis praticam crueldade ou contextos malignos são capazes de encurralar pessoas comuns de tal forma que elas não encontram outra saída? É possível que nos encontremos um dia dentro de uma engrenagem assim? E se isso acontecer, como nos comportaremos? Pagaríamos o preço de agir melhor?

O filme não nos responde o que se passa pela cabeça de alguém que matou centenas de pessoas durante o regime nazista. Isso nos incomoda porque a gente quer o tempo todo que a personagem nos diga algo. Isso não acontece e é o que a história tem de mais realista e provocador.
Fica claro que nem mesmo os próprios assassinos tem as respostas. Em muitos casos eles não sabem responder a si mesmos!

Sem sabermos onde acaba a maldade e começa o medo, qual a fronteira entre a obediência apavorada e a maldade explícita, sem acesso ao único arquivo que nos capacitaria a fazer justiça - a alma humana - nós ficamos totalmente desarmados.

Saí impactada com uma idéia de que é impossível fazermos justiça. Isso não está ao alcance dos humanos. Deveríamos nos convencer disso de uma vez por todas e deixar de lado os discursos hipócritas. Assumamos a vingança como única atitude contra a impunidade.
Impossível dizermos com sinceridade absoluta que, enstando no lugar de tal pessoa, não agiríamos exatamente da mesma forma que ela. Se centenas e centenas temeram e não resistiram à pressão do momento, será que eu estou mesmo acima de todas elas? Quem sou eu para fazer tal afirmação? Será que aquele juiz está mesmo moralmente tão acima do réu? Pelo amor de Deus, não será tudo um circo? Os que julgam e gritam "assassino!" sabem mesmo o que estão dizendo? Enxergam-se?

O filme não inocenta ninguém. Realmente não o faz. Ao contrário, empareda a todos e diz que a justiça não está ao nosso alcance, só a horrorosa vingança, que tanto desprezamos.

Repare! Olhe ao seu redor. Por mais que nos esforcemos em fazer justiça tudo o que conseguimos não é, no final das contas, a mais sórdida das vinganças?

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Ele não está tão a fim de você


Li o livro que inspirou o filme - Ele simplesmente não está a fim de você. Adorei. Foi escrito por Greg Behnrendt; Trata-se de uma leitura gostosa e útil, INFINITAMENTE mais interessante que o filme.

O livro fala de numerosos casos nos quais as mulheres, por pura tolice, ficam se auto iludindo e invariavelmente sofrem. O autor conta isso de uma forma cativante e didática; gostosíssima. O filme perde muito disso, quase tudo.

Quase todas as pessoas que viram o filme adoraram. Talvez por não terem lido o livro. Eu achei o filme fraco talvez por eu ser exigente demais...ou por ter lido o livro. As duas coisas, mais provavelmente. O fato é que o filme empobreceu demais o tema. Virou mais uma comediazinha romântica.

Pensando bem não seria fácil adaptar a obra de outra forma... Mas o resultado foi uma água com açúcar que não me empolgou.

A personagem Gigi (Ginnifer Goodwin) que aparece em sinopses do filme como "uma romântica incurável" na verdade age na história como uma retardada. Parece ter uns 23 anos mas suas atitudes são de uma menina de 13. Ela é a personagem principal (pelo menos é a que mais aparece). Isso é uma pena, pois isso torna o filme, em parte, irritante.

Os outros personagens são normais e as situações em que vivem são bem didáticas - conforme o livro. Mas o diretor "trai" o escritor quando torna possíveis situações que o escritor já nos advertiu no livro que se tratam de exceções. O diretor fez isso só para dar aos expectadores o finalzinho feliz, só que isso desdiz o que o livro diz e o livro diz: não seja burra, ignore as exceções!

O livro é um tratamento de choque para mulheres iludidas. O filme faz o contrário: alimenta a legião de trouxas. Mas fez sucesso.

Dizer o quê mais?

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