"De maneira mais genérica, uma criatura onisciente nunca perderia seu tempo vendo um filme, uma vez que já conhece o final. Não existe cinema para Deus. E, por conseguinte, ele, que não obstante sabe tudo, não sabe o que está perdendo..."

Ollivier Pourriol, no livro Cine Filô.

Comentários da Cristina Faraon

Blá...blá... blá...

ROMANCE

sábado, 22 de novembro de 2008


Peliculóide não é "pedantismo intelectualóide"; é película intelectualóide.

Vim do cinema agorinha. Poderia simplesmente ir dormir, mas meu senso de dever me impulsionou a registrar minhas impressões.

Romance. Ele pega onda na idéia de "Sheakespeare Apaixonado". Se você não entendeu, estou dizendo que ele não é tãããão original mas tem seus lances criativos sim. Sejamos justos.

Preliminarmente: aconteceu de novo. A máquina de triturar gostosas fez mais uma vítima. Dessa feita quem virou espaguete foi a ex bonita Letícia Sabatella. Já denunciei o lance em uma antiga postagem ( "As Despetaladas") mas ninguém tomou providências. Pois é, a atriz principal está pele e osso e ainda forçaram a coitada a tirar a roupa em cena. Resultado? Nenhum. A falta de carne é tão flagrante que por mais pelada que estivesse ela não conseguiu fazer uma "Cena de Sexo". Talvez isso tenha sido de propósito para o filme não parecer apelativo, pornô, essas coisas fora de moda. Se a idéia foi essa, funcionou maravilhosamente.

Vamos lá:

  • Filme brasileiro, quando não é pra fazer rir não tem escapatória: vem com aquele ranço intelectual. Nossos filmes raramente conseguem ser apenas uma boa história para entreter. Parece que tem sempre algum sabichão atrás da cortina querendo nos enfiar cultura por algum buraco
  • Você não verá tiroteio ou cenas de perseguição. Sabedores de que os brasileiros são consmidores contumazes dos filmes made in USA, resolveram compensar a falta de ação (que não é um defeito em si) com uma câmera nervosa. O truque funcionaria se não fosse excessivo. A câmera movimenta demais, é frenética. Os atores também, todos elétricos, falando rápido demais vomitando em cima dos expectadores toneladas de textos de Nietche, Shakespeare eticéteraetal. As cenas se amontoam e quebra o desejável clima que deveria (eu acho) ser mais romântico. Tá todo mundo com pressa o tempo todo.
  • Não querendo implicar, mas implicando: não consigo entender o motivo de a Letícia Sabatella ter que se mostrar o filme inteirinho com o cabelo desgrenhado. Parece que tiraram às pressas uma peruca do baú e meteram na cabeça da pobre moça.
  • Não tenho nada contra ela, juro! Mas já repararam na sua eterna expressão do rosto? Parece o Coringa, tá sempre rindo. Congelaram a "bocadela". Dormindo, correndo, chorando, tomando banho, com raiva, sem raiva ela está sempre rindo. Ela é o sonho de todo marido...
  • Juntando a ausência de pente com as roupas estranhas, podemos notar que o visual da película remeteu "sem querer querendo" àqueles filmes franceses "supercult" . É difícil ver um filme francês onde a atriz principal esteja com o cabelo razoável e uma roupa minimamente provocante. É sempre assim: arrepiada, roupas mal ajambradas, sapatos baixos com meias grossas. O charme do filme francês é o desafio de conseguir assim mesmo fazer a personagem exalar uma sensualidade irresistível, sutil e nada vulgar por debaixo dos panos; aquela sensualidade "sem querer" dos filmes europeus que não tem nada a ver com a nossa. Pois é, jogaram essa cruz em cima da Letícia. Ela e seus ossinhos fizeram o que puderam mas acho que ficou muito na cara o esforço da direção para que o nosso subconsciente arredasse a história para o outro lado do Atlântico. Nada de errado em renegar nossas características (hehehe) mas ficou meio forçado.
  • Li que "vazou na internet" umas cenas de sexo do filme. Não sei qual. Acho que vazou tão bem vazado que foi bueiro abaixo e não sobrou nada no filme. Tudo bem, não sou voyeur. Só que ficou a impressão de que a reclamação do "vazamento" feita pelos atores tenha sido só jogo de publicidade. Pode conferir: não tem a tal cena de sexo no filme. Ou eu dormi ou estou por demais pervertida e não considerei "aquilo" cena de sexo.
  • A menos que você ache que duas pessoas peladas se beijando sem o menor clima possa ser considerado cena de sexo. Rolaram uns amassos na história, mas tudo muito "no seco". Vai ver que transa de intelectual é um lance mais elevado, sem baixaria. Sacanagem é coisa de gente sem cultura.
  • Como os personagens interpretam atores, o filme nos obriga a rever quinhentas mil vezes vezes as mesmas cenas com eles interpretando as mesmas histórias dentro da história. Isso enche a paciência. Sem falar nos outros três trilhões de vezes que repetem os nomes Tristão e Isolda. Não me apresentem ninguém com esses nomes nos próximos cinco anos pelo amor de Jeová.
  • De tudo, essa é a mais grave: e história nos rouba o prazer de perceber o sutil nascimento do amor. Para mim é a melhor parte de qualquer romance. Não é essa a opinião do diretor: os personagens acabam de se conhecer e com dois minutos de filme já se amavam perdidamente. O resultado é que todas as falas poéticas soam postiças. Parece que tem alguém enrolando alguém. Em momento algum o (belo!) texto do filme soa sincero. Lágrimas, beijos... tudo parece armação. E com a boca sorridente da Letícia Sabatella, aí é que não dá pra acreditar mesmo.
  • O filme não consegue nos envolver, não emociona; e a missão de um romance não é emocionar? Tô errada?
  • O Marcos Nanini arrasa. Ele é ótimo e está ótimo.
  • No final das contas é um filme bom.

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